Jorge Leiria

A Propósito

Jorge Leiria

Os cuidadores informais da segurança noturna

Oiço com a maior atenção os noticiários, e comove-me a situação aflitiva dos empresários e empregados da indústria hoteleira, da restauração e dos cafés, agora castigados com mais uma crise anunciada pela expansão exponencial da variante omicron do vírus Covid. Lamento também o impacte nos empresários dos locais de diversão noturna e dos seus funcionários. E incluo as empresas e funcionários que à porta ou entre portas asseguram que tudo funciona sem grandes atritos, com maior ou menor recurso, pautado pelo equilíbrio, à força musculada. Abandonados à sua sorte revolta-me, contudo, que nem uma palavra seja dirigida aos cuidadores informais da segurança noturna, arrostando à intempérie com todos os perigos, sob a inclemência das forças da natureza e da crueldade humana.  Quem garante o funcionamento de casas de maior recato, disciplinando clientela e protegendo trabalhadoras em condições mais vulneráveis? Quem regulamenta o negócio da distribuição organizada dos produtos que alegram e estimulam os frequentadores da noite? Quem impede que meliantes de outras origens invadam os locais sob o seu eficaz controlo? E quem monitoriza e organiza o comércio de instrumentos letais e assegura que se encontram em boas mãos? É bem verdade que o discreto uso de indumentária informal dispensa os gastos com fardamentos, mas, quem paga os necessários meios de persuasão, obviamente caros e de difícil aquisição e os consumíveis que os alimentam e cujo uso, nem sempre desejado, por vezes se justifica? E a compensação de risco em meio tão conturbado? Quem paga viaturas que sejam suficientemente rápidas e potentes para que a intervenção se faça em tempo oportuno? e o combustível e outras despesas inerentes? Incompreendidos e quantas vezes maltratados pelos agentes do poder, o meu modesto apelo a que o Conselho de Ministros se debruce e aja com celeridade ante esta classe profissional, desde sempre negligenciada e esquecida.