Santiago Aguaded Landero

Poemas ibéricos

Santiago Aguaded Landero

Poemas ibéricos (22) MARÍA ÁNGELES MAESO

María Ángeles Maeso (MAM) é poeta e escritora espanhola, nascida em Valdanzo (Soria) em 1955. Tem uma licenciatura em Filologia Hispânica. Em diferentes fases: Professora de Língua e Literatura e oficinas de criação literária; coordenadora de programas socioculturais em áreas de marginalização social; membro de equipas editoriais para a produção de guias didácticas. Colaborou com o Instituto Cervantes, Radio Circulo de Bellas Artes e outros meios como Reseña, Artes hoy, Diagonal... É autora de oito livros de poesia: Sin Regreso (Jorge Manrique Poetry Prize, 1990) Trazado de la Periferia (1996, 2ª ed. 1919); El bebedor de los arroyos (2000); Vamos, Vemos (Homenaje a León Felipe Poetry Prize, Salamanca, 2003); Basura mundi (2008); ¿Quién crees que eres yo? (2012); Huy, qué miedo, (para crianças, 2016); Puentes de mimbre (2017). A sua poesia foi incluída em mais de vinte antologias e os seus poemas foram traduzidos para inglês, português e esperanto. Como romancista, publicou: La voz de la Sirena, Premio de cuentos "Teresa León" 1986; Perro, 2004; Los condes del No y No (infantil) 2006. Como oradora, participou em diferentes cursos, congressos e encontros de escritores organizados por várias instituições:
A sua poesia caracteriza-se pela presença de um discurso ideológico (quanto mais não seja devido à sua conce
pção intelectual do mundo circundante), MAM afirma que é incapaz de escrever imparcialmente, destacando-se dos acontecimentos imediatos que se desenrolam à sua volta e afirma, com Sophia de Mello:
Sabemos que a vida não é uma coisa e a poesia outra.
Sabemos que a política não é uma coisa e a poesia outra.
 
“Poesía y revolución” (1975)


IN ITINERE
Claro que es infinita la distancia
que va de una hormiga a otra.

Entre la gratitud
y el grano de trigo rechazado,
hay un desierto para hozar una palabra.

Casi siempre, entre la lengua
y la miguita, una hilera.
O muchas vueltas.

Y veces, yo escribe gracias
con el no sonriente a cuestas.

IN ITINERE
Claro, há uma distância infinita
de uma formiga para outra.

Entre a gratidão
e o grão de trigo rejeitado
há um deserto para fuçar uma palavra.

Quase sempre, entre a lingua
e a migalha, uma fila.
Ou muitas voltas.

E às vezes, eu escreve obrigado
com o "não" sorridente a reboque

(Inédito).
Tradução pelo SAL e Maria do Sameiro, outubro 21


PRIMAVERA NUEVAMENTE
Hora a hora el suelo se está abriendo.
Lo saben la piel del alma y la de un zapato.
Lo saben en las afueras de Madrid y en Barcelona
y aquí, cada labrador lo sabe.

Vamos, vemos que obstinadas hierbas
y nervios diminutos,
entre un corazón de roca, abren su senda.

Hora a hora, un insignificante tallo
se atreve cada marzo
a mirar de abajo arriba,

atraviesa el granito o el asfalto,
sortea la metralla, el peso del tractor
y el de las terribles miradas...

Simplemente asoma,
y en el aire deja su denuncia y su convocatoria.

Vamos, vemos que sucede a cada hora.

Sólo es el imperio quien desprecia cuanto ignora.

PRIMAVERA OUTRA VEZ
Hora a hora o solo está se abrindo.
Sabem-no a pele da alma e a de um sapato.
Sabem-no nos arredores de Madrid e em Barcelona
e aqui, cada lavrador já sabe.

Vamos, vemos que obstinadas ervas
e nervos diminutos,
em um coração de pedra, abrem sua senda.

Hora a hora, um insignificante talo
se atreve a cada março

a olhar de baixo para cima,
atravessa o granito ou o asfalto,
sorteia metralha, o peso do trator
e o das terríveis miradas...

Simplesmente assoma,
e no ar deixa sua denúncia e sua convocatória.

Vamos, vemos que sucede a cada hora.

Somente é o império que despreza quanto ignora.

(De Vamos, Vemos, 2004).
Tradução de Antonio Miranda


TRIGO GENÉTICAMENTE MODIFICADO...
...para una sola cosecha,

Cada grano enterrado
hace un recorrido de abajo arriba,
a derecha y a izquierda cae,
y se va hacia el pan o vuelve
para ser de nuevo, de mil en mil,
espiga, tallo, raíz.

¿Quién ha invertido el movimiento?

¿Quién, desde arriba abajo,
ha castrado la simiente?

¿Tras qué golpe, dado de norte a sur,
el campo cierra hacia sí los ojos?

¿Con qué derecho al sembrador le dejan
sin semillas de Su anterior cosecha?

Vamos, vemos, si a derecha e izquierda
por arriba y por abajo,
hay una geometría por ocupar,
¿quién será puesto en cruz sobre el trigal?

TRIGO GENETICAMENTE MODIFICADO...
...para uma única colheita,

Cada grão enterrado
faz o seu caminho de baixo para cima,
cai a direita e para a esquerda,
e vai para o pão ou regressa
para de novo ser, mil vezes mil,
espiga, caule, raiz.

Quem reverteu o movimento?

Quem, por cima e por baixo,
castrou a semente?

Depois de que golpe, dado de norte para sul,
o campo fecha os olhos para si próprio?

Com que direito deixam o semeador
sem as sementes da Sua colheita anterior?

Venha, vemos, se à direita e à esquerda
Por acima e por abaixo,
haverá uma geometria por ocupar,
quem será posto em cruz sobre a seara?

(De Vamos, Vemos, 2004).
Tradução pelo SAL e Maria do Sameiro, outubro 21