Animals 'Я' Us
Rute Rocha
Mudanças e adaptação biológica!
- Partilhar 17/04/2021
Sinto que estamos a
viver um momento histórico da humanidade!
Para mim tem sido tranquilizador, pensar
desta forma. Vivo a mudança, com menos gasto
energético. Sim, porque as mudanças são
pouco fáceis e até muito difíceis para
alguns! São momentos que nos consomem muita
energia, porque a mudança nos quebra as
rotinas pessoais, sociais e sobretudo as
rotinas cerebrais.
A mudança aumenta a
estimulação neuronal dos nossos corpos com
um gasto energético associado muito elevado.
Mas mais elevado do que o gasto energético
associado à mudança, é o gasto energético
associado à resistência que os seres vivos
fazem a essa mesma mudança.
A ideia
genérica de Charles Darwin de que não é o
mais forte que sobrevive, mas sim o que
melhor se adapta à mudança, nunca fez tanto
sentido como nos dias de hoje.
Mas
cuidado!
Não nos adaptemos ao “mau”!
A
meu ver, os humanos, como animais que somos,
apresentamos uma elevada capacidade de
adaptação biológica, por vezes,
inimaginável!
Recordemos a história,
aquando do holocausto, em que 6 milhões de
humanos se tentaram adaptar a tanta
crueldade e monstruosidade, na tentativa de
sobreviver.
Para este número tão elevado,
foram muitas, as “Donas Begónias”
que contribuíram
para tamanha crueldade, aquando das
denúncias sobre os seus vizinhos e
familiares, instigando mais medo e mais
gasto energético.
Um ser vivo não
sobreviveria, se diariamente estivesse a
gastar energia, como a que gasta quando lida
com uma mudança.
Mas atenção! Não
ponhamos em causa os valores éticos, como
por exemplo, a democracia,
adaptando-nos/submetendo-nos “cegamente” a
tomadas de decisão, que algumas vezes são
infundadas ou são resultado do efeito de
“rebanho” (irrefletidas).
Dupla atenção,
para o medo gerado e muitas vezes reforçado
em contextos de mudança. O que tenho
observado é que mesmo, algumas mentes mais
criativas se têm resignado... e a meu ver,
perdendo a lucidez e a energia para que
ocorra a tão necessária mudança.
É um
facto, as mudanças são rápidas, com
exigentes adaptações e com gastos
energéticos elevados. Por isso, quando
ocorrem reais mudanças, estas não podem ser
muitas, nem por períodos longos.
Neste
ponto, identifico-me com a teoria de
evolução dos equilíbrios pontuados de Niles
Eldredge e Stephen Jay Gould, no qual
admitimos que as populações passam por
longos períodos, evoluindo de modo lento,
sem alterações significativas nas
características que exibem, seguidos por
pequenos e rápidos períodos de grandes
mudanças.
Agora, neste preciso momento,
que estamos a vivenciar uma pandemia à
escala planetária, estaremos nós a assistir
a um período de grandes mudanças? De mudança
na nossa organização social? A preparar-nos
para viver em comunidades mais pequenas? A
assistir ao início de uma revolução
energética? A gerar “empregos” de outra
natureza? A assumir-nos como humanos e que
efetivamente fazemos parte da natureza?
Sinto que sim, repare no que atualmente se
tem exigido aos humanos: um gasto energético
elevado, uma rápida adaptação, emergência
dos medos e uma grande resistência à
mudança. Já reparou que o medo e a
resistência emergem em períodos de mudanças?
Está consciente desta/s mudança/s? Ou
ainda ;) considera que voltaremos ao que
éramos?
- n.23 • abril 2021