à Deriva
Fernando Vieira
Uma calamidade nunca vem só…
- Partilhar 05/12/2021
Esta malfadada
pandemia, cujas sórdidas origens ainda estão por
explicar, não há meio de nos dar tréguas e muito
receio eu que as novas cepas - detetadas a uma
cadência angustiante - acabem por esgotar a curto
prazo todas as letras do alfabeto grego.
Do
meu ponto de vista, o retorno ao estado de
calamidade, decretado a partir do dia 1 deste mês,
mais não faz que confirmar como se continua a
menosprezar (ao mais alto nível decisório) a força
maléfica deste versátil vírus, pois deveríamos ter
sobejas provas de que ele veio com armas a bagagens
para nos fazer a vida negra… e mortal em tantos e
tantos casos.
Já nem a vacinação maciça da
população, apesar dos eloquentes resultados a nível
mundial, nos vale de grande coisa: aos indicadores
de esperança de há um ano, quando começaram a surgir
as primeiras vacinas, sucedem-se dúvidas e
incertezas quanto à duração e eficácia das mesmas,
numa inglória corrida temporal contra as novas
estirpes por alguns dos mais conceituados
laboratórios, cuja única garantia palpável é a
milionária faturação de que estão a ser ‘vítimas’.
Portanto, não é de espantar que o tema
fraturante nas discussões entre amigos e familiares
tenha passado da existência de uma cura, para o
legítimo questionamento sobre a fiabilidade e
segurança das vacinas com que podemos contar no
combate a tão nefasta maleita, tendo por base o
aumento do número de infeções e o índice de
transmissibilidade da doença.
Voltam assim
ao nosso quotidiano, virado do avesso desde março de
2020, a obrigatoriedade do uso de máscara, as
medidas de prevenção sanitária, as testagens
regulares, o regresso ao teletrabalho, o certificado
digital e todas as outras restrições e regras de
controlo pandémico, entre as quais as limitações em
termos de viagens e frequência de espaços públicos
e/ou privados.
Quer isto dizer que a economia
algarvia, em particular o setor dos serviços e com
especial incidência na restauração e na indústria
turística, sofrerá novo impacto negativo e só lhe
resta nos próximos tempos manter-se à tona, tentando
(sobre)viver o melhor possível, a bem dos largos
milhares de trabalhadores que dependem desta área
laboral.
Não obstante e apesar de tudo,
cumpre-me encerrar a última crónica do ano com votos
de Boas Festas e desejos de um excelente 2022, na
esperança que a 1 de março próximo consigamos ver –
finalmente – uma luz ao fim do túnel e cesse o
estado de calamidade a que voltamos a estar
submetidos.
- n.31 • dezembro 2021