Fernando Vieira

à Deriva

Fernando Vieira

Uma calamidade nunca vem só…

Esta malfadada pandemia, cujas sórdidas origens ainda estão por explicar, não há meio de nos dar tréguas e muito receio eu que as novas cepas - detetadas a uma cadência angustiante - acabem por esgotar a curto prazo todas as letras do alfabeto grego.

Do meu ponto de vista, o retorno ao estado de calamidade, decretado a partir do dia 1 deste mês, mais não faz que confirmar como se continua a menosprezar (ao mais alto nível decisório) a força maléfica deste versátil vírus, pois deveríamos ter sobejas provas de que ele veio com armas a bagagens para nos fazer a vida negra… e mortal em tantos e tantos casos.

Já nem a vacinação maciça da população, apesar dos eloquentes resultados a nível mundial, nos vale de grande coisa: aos indicadores de esperança de há um ano, quando começaram a surgir as primeiras vacinas, sucedem-se dúvidas e incertezas quanto à duração e eficácia das mesmas, numa inglória corrida temporal contra as novas estirpes por alguns dos mais conceituados laboratórios, cuja única garantia palpável é a milionária faturação de que estão a ser ‘vítimas’.

Portanto, não é de espantar que o tema fraturante nas discussões entre amigos e familiares tenha passado da existência de uma cura, para o legítimo questionamento sobre a fiabilidade e segurança das vacinas com que podemos contar no combate a tão nefasta maleita, tendo por base o aumento do número de infeções e o índice de transmissibilidade da doença.

Voltam assim ao nosso quotidiano, virado do avesso desde março de 2020, a obrigatoriedade do uso de máscara, as medidas de prevenção sanitária, as testagens regulares, o regresso ao teletrabalho, o certificado digital e todas as outras restrições e regras de controlo pandémico, entre as quais as limitações em termos de viagens e frequência de espaços públicos e/ou privados.

Quer isto dizer que a economia algarvia, em particular o setor dos serviços e com especial incidência na restauração e na indústria turística, sofrerá novo impacto negativo e só lhe resta nos próximos tempos manter-se à tona, tentando (sobre)viver o melhor possível, a bem dos largos milhares de trabalhadores que dependem desta área laboral.

Não obstante e apesar de tudo, cumpre-me encerrar a última crónica do ano com votos de Boas Festas e desejos de um excelente 2022, na esperança que a 1 de março próximo consigamos ver – finalmente – uma luz ao fim do túnel e cesse o estado de calamidade a que voltamos a estar submetidos.