Crónica
Fernando Correia
DO LADO DE CÁ É O LIMITE DA NATUREZA
- Partilhar 06/10/2021
O Padre Vítor Feytor
Pinto deixou – nos fisicamente e foi sentar
– se ao lado de Deus, como sempre desejou.
No entanto, ficou connosco em espírito,
mostrando, através da sua alma pura, tantas
obras que são o seu legado, para que
possamos meditar no valor da vida, na
importância da ética, no que representa
lutarmos, em conjunto, por um Mundo melhor.
Andamos juntos pela nossa juventude em
Coimbra, na Figueira da Foz, em Buarcos, em
Alvaiázere (com o Vaz de Morais) e mais
tarde por muito Mundo, ele cumprindo os seus
desígnios de sacerdote e eu atravessando as
conquistas radiofónicas que me deslumbravam.
Diria que vivíamos ambos os nossos sonhos de
infância e nos realizávamos nas nossas
vocações, mas os corações batiam em conjunto
pela importância e pela responsabilidade de
darmos significado à vida.
O Vitor dizia
muitas vezes que: a MORTE É APENAS UMA
PORTA.
DO LADO DE CÁ É O LIMITE DA
NATUREZA.
DO LADO DE LÁ É A TERNURA DE
DEUS.
O Padre Feytor Pinto andou pela
Ermida dos Três Reis, no Campo Grande,
durante vinte anos, a espalhar a sua palavra
amiga que, mais tarde, reuniu num livro
chamado “A Palavra Vivida”.
Para mim não
foi só a palavra vivida. Foi também a
palavra da descoberta, da revelação, do
amor, da verdade, do espírito, que sorvi
avidamente e guardei dentro de mim.
Quando o Padre Vitor deu o seu impulso
criativo ao movimento “Por um Mundo Melhor”
ou foi Alto Comissário para o “Projecto
Vida” ninguém se admirou. Era ele no seu
esplendor espiritual, sempre à procura de
novas portas para a vida, de novas entradas
para a eternidade, onde agora se encontra.
Foi Capelão do Papa Bento XVI, não como
reconhecimento pelo seu trabalho fraterno e
construtivo, mas sim como aproveitamento das
suas qualidades humanas.
E era isso,
apenas isso, que tinha significado para ele.
Lutar por um Mundo melhor e mais justo, com
menos desigualdades sociais, onde coubessem
a Verdade e o Amor e onde dessemos as mãos
compreendendo como era importante vivermos
unidos, trabalhando para o mesmo fim de
aperfeiçoarmos o Templo Divino que existe
dentro de cada um de nós.
A porta abriu –
se para ele. Já está do outro lado da vida,
onde tudo tem mais significado.
Acredito
que esteja feliz, ao pé de Deus, como sempre
desejou.
FERNANDO CORREIA, 06/10/2021
- n.29 • outubro 2021