Fernando Correia

Crónica

Fernando Correia

UM ESTADO POLICIAL?

Acredito no bom senso das pessoas e acredito, sobretudo, que algumas vezes somos levados a fazer “coisas” com as quais não concordamos.

No entanto, há ocasiões em que o cidadão comum, investido em ocasionais funções profissionais que deviam ser respeitadas, é conduzido à prática de irregularidades morais, das quais se vem a arrepender, mais cedo ou mais tarde, ou quando perde o estatuto que o conduziu a tal prática.

Este “desabafo” tem a ver com uma “moda” recente de certos órgãos de informação (principalmente de televisão) que resolvem andar pelas estradas de Portugal atrás dos carros dos ministros a medir-hes a velocidade. Ou seja: para difundirem uma notícia sensacionalista de prática de uma falta grave em condução automóvel, cometem uma idêntica, sem que pelo facto lhes aconteça alguma coisa.

Mais: um carro do Estado a circular em excesso de velocidade, com membro, ou membros, do Governo no seu interior, responde por si mesmo à falta e assume-a perante a circunstância. Se não provocou qualquer acidente, nem pôs em perigo a condução de terceiros, a velocidade fica, apenas, como registo de uma ocorrência de condução igual a tantas outras que diariamente se nos deparam, incluindo as praticadas por alguns carros da Comunicação Social, como se prova.

Portanto, estamos perante uma falsa moralidade!

Outra falsidade moral: circula (ou circulou) nas redes sociais uma foto tirada a um eurodeputado português, fora da sua hora de trabalho no Parlamento, caminhando inseguro por uma rua de Bruxelas, supostamente regressando a casa a pé, após um jantar com amigos.

Qual é o problema?

Qual é a questão?

É proibido comer? É proibido beber? É proibido confraternizar com amigos ou familiares? É proibido andar a pé?

Tenham paciência e, também, decoro e dediquem-se a outros assuntos e a outras questões que há muitas para resolver, a bem da sociedade, do progresso, do rigor e do bem estar geral.

FERNANDO CORREIA