Crónica
Fernando Correia
À BEIRA DA INSENSATEZ
- Partilhar 07/06/2021
Confesso que fiquei
desconfiado com a atitude da Uefa ao
conceder a Portugal e à cidade do Porto a
organização da final da Liga dos Campeões
entre duas equipas inglesas.
No entanto, e como
acredito nas boas intenções e nas boas
soluções, entendi que a responsabilidade
organizativa, cometida aos portugueses, se
devia à forma como o governo português
estava a lidar com o “covid – 19”.
A primeira
desconfiança surgiu quando percebi que havia
autorização para o jogo ter público nas
bancadas, o que conflituava, desde logo, com
o facto de os jogos entre portugueses se
terem disputado (sempre) à porta fechada.
Mesmo assim fui capaz
de me convencer que não podia ser doutra
maneira, para que os ingleses deixassem cá
algum dinheirinho.
Na verdade, a final
canalizou para a região do Porto um
vastíssimo número de adeptos que gastaram,
de facto, muitos milhares de euros, o que
foi muito bom para a economia local. Só que,
a par dos adeptos convictos, também lá
chegou um elevado número de arruaceiros que
fizeram questão, aliás habitual neles, de
espalhar confusão e, provavelmente, vírus,
insensatez, destruição, má educação, álcool,
desrespeito e despropósito.
Remediada a questão
como foi possível surgiu a seguir o
impensável: o governo britânico retirou
Portugal da lista verde, só porque sim,
mandando os seus cidadãos regressar às ilhas
de imediato, para não terem de cumprir
quarentena.
Foi a debandada. Foi
o caos. Foi ridículo. Foi insensato. Foi
aberrante. Foi absolutamente injustificado.
Esta atitude de má
política e de mau relacionamento entre povos
de aliança ancestral, não foi explicada, a
não ser através de um titubeante argumento
de doze casos de uma suposta variante,
detectados em Portugal, o que obviamente não
colhe quando comparado com o resultado da
“invasão” britânica pelo futebol. Ou seja:
abre – se para o jogo, porque convém e, a
seguir, fecha – se ao turismo comum e
regrado, porque os países da Comunidade
Europeia não são precisos para nada.
Gostava de não ter de perceber aquilo que estou a perceber!
FERNANDO CORREIA
- n.25 • junho 2021