reflexões in verso
Afonso Dias
trava línguas sanitário
- Partilhar 23/10/2021
trava línguas sanitário
vêm no vento venenoso
crestados coiros curtidos
brando bando de abetardas
a alisar lisos alísios
em azáfama as azêmolas
de azia azeda azoadas
cargas carregam custosas
mas curvam costas corteses
em vénias de viés viscosas
arre corre cabra crebra
ralha a velha e ajoelha
ao altivo altar que alteia
a fé que febril se finca
na devida devoção
e anciosa a anciã
tonta bronca atarantada
tontices tartamudeia
catequisa o catecismo
administrativado
e leis leais lerdas ledas
levitam leves ao largo
parvas patranhas pategas
sem semelharem semente
vereadeia o vereador
do encargo encarregado
incham bichas tou lixado
bichos no bucho estrebucham
nemátodos ascarídeos
ditas lombrigas que à bruta
me desarrumam a alma
intempera-se-me o intestino
- salva sanita saneia
que a tripa do tipo trippa
resolve e devolve a calma
23.10.2021
- n.29 • outubro 2021